"How tragic that man can never realize how beautiful life is until he is face to face with death."

Ikiru é uma obra-prima de Akira Kurosawa, um dos mestres da sétima arte. Um filme singular do realizador que nos habituou ao seu estilo épico quase sempre acompanhado das vibrantes interpretações de Toshirô Mifune que não teve qualquer participação neste filme. Esta é a simples história de Kanji Watanabe (Takashi Shimura), um burocrata que, após décadas preso à apatia e ao vazio do seu trabalho, descobre que estará morto em menos de um ano. É neste momento que o protagonista descobre que na verdade esteve morto todo este tempo e, paradoxalmente, só agora com a sua morte a aproximar-se é que será capaz de viver. Um trabalho sublime em todos os aspectos de Kurosawa que sabia como ninguém penetrar na natureza humana através da sua arte. Impossível não referir as enormes contribuições da espantosa cinematografia de Asakazu Nakai e do brilhante e comovente desempenho de Shimura, um dos mais dotados actores que o Japão já teve o privilégio de apresentar. A maior prova do seu talento é a forma como neste filme deixou transparecer timidez, fragilidade, tristeza e desespero e dois anos depois interpretou de forma igualmente convincente o poderoso e lendário samurai Shimada em "Shichinin no Samurai" (Sete Samurais). Uma verdadeira lição de vida, Ikiru é uma pérola que deve ser vista por todos os amantes do cinema.

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