The Seventh Seal

Um filme sobre a procura incessante de respostas ao significado da vida. Ingmar Bergman questiona de forma brilhante a existência de Deus. Um cavaleiro e o seu misógino escudeiro regressam das Cruzadas e encontram o seu país assolado pela Peste. O cavaleiro depara-se um dia com a própria Morte, que o desafia para um jogo de xadrez do qual depende a sua vida. Além da Morte, Antonius Block cruza-se com um humilde casal de actores e o seu bebé, que desfrutam dos simples prazeres da vida. Esta família representa o lado mais humano da história e não me parece coincidência que, num filme que tem a Religião como um dos seus temas centrais, os nomes do casal me façam lembrar os nomes Maria e José. Nunca antes vi a ideia de Morte ser abordada tão directa e estoicamente. O Sétimo Selo é assim uma história severa mas não desprovida de esperança sobre o destino que todos os seres humanos partilham e do qual não podem escapar. Impressionante a beleza da cinematografia de Gunnar Fischer, recheada de simbologia, como já seria de esperar de um filme realizado por Ingmar Bergman. Um dos maiores feitos da sétima arte.

The Conversation

Uma história intrigante sobre paranóia. Um brilhante thriller psicológico de Francis Ford Coppola, com Gene Hackman no papel principal. Harry Caul é um perito em vigilância que um dia, ao gravar a conversa de um casal, suspeita que estes poderão vir a ser assassinados. Um filme centrado numa personagem fria e ameaçadora, que não deixa por vezes de revelar a sua vulnerabilidade e humanidade, mas que não consegue viver para além do seu trabalho. Basta constatar, por exemplo, que mesmo quando toca saxofone, sozinho no seu apartamento, Harry limita-se a imitar a banda que ouve, o que demonstra a forma passiva como vive. Sombrio, complexo e notável o desempenho de Gene Hackman. No entanto, o maior mérito vai sem dúvida para a realização e argumento de Coppola, com um trabalho, digno de um mestre do cinema, que se estende desde a manipulação da audiência (que em tantos momentos vê o que Harry vê, pensa o que Harry pensa e sente o que Harry sente) até à polémica barreira entre o direito à privacidade e a responsabilidade moral. Este filme teve o "azar" de ser do mesmo ano que "O Padrinho II" e também por isso é muitas vezes esquecido ou menosprezado. Aliás, com estes dois filmes no mesmo ano, Coppola perdeu o Óscar de Melhor Filme para ele próprio (deviam ter criado nesse ano uma categoria só para este grande Senhor). Um dos melhores filmes de um dos melhores cineastas de sempre.