The Conversation

Uma história intrigante sobre paranóia. Um brilhante thriller psicológico de Francis Ford Coppola, com Gene Hackman no papel principal. Harry Caul é um perito em vigilância que um dia, ao gravar a conversa de um casal, suspeita que estes poderão vir a ser assassinados. Um filme centrado numa personagem fria e ameaçadora, que não deixa por vezes de revelar a sua vulnerabilidade e humanidade, mas que não consegue viver para além do seu trabalho. Basta constatar, por exemplo, que mesmo quando toca saxofone, sozinho no seu apartamento, Harry limita-se a imitar a banda que ouve, o que demonstra a forma passiva como vive. Sombrio, complexo e notável o desempenho de Gene Hackman. No entanto, o maior mérito vai sem dúvida para a realização e argumento de Coppola, com um trabalho, digno de um mestre do cinema, que se estende desde a manipulação da audiência (que em tantos momentos vê o que Harry vê, pensa o que Harry pensa e sente o que Harry sente) até à polémica barreira entre o direito à privacidade e a responsabilidade moral. Este filme teve o "azar" de ser do mesmo ano que "O Padrinho II" e também por isso é muitas vezes esquecido ou menosprezado. Aliás, com estes dois filmes no mesmo ano, Coppola perdeu o Óscar de Melhor Filme para ele próprio (deviam ter criado nesse ano uma categoria só para este grande Senhor). Um dos melhores filmes de um dos melhores cineastas de sempre.

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