The Dude Abides!

Após um mal entendido, Jeffrey "The Dude" Lebowski vai exigir a um milionário com o mesmo nome uma indemnização pelo seu tapete manchado, com resultados inesperados a advirem dessa exigência. 
The Big Lebowski é uma das comédias mais originais de sempre. Um filme extremamente inteligente, sem nunca ser óbvio. Escrito e realizado pelos sempre inéditos irmãos Coen, com uma maravilhosa banda sonora, personagens brilhantemente escritas e grandes interpretações a demonstrarem a riqueza dessas personagens. Jeff Bridges é um dos actores mais subvalorizados da sua geração. A facilidade com que se transforma denota o seu imenso talento. Neste filme oferece-nos uma memorável interpretação. A sua atitude desleixada, o seu sorriso pateta e os seus momentos de "moca" jamais serão esquecidos. O outro destaque deste filme vai sem dúvida para John Goodman, com um inesquecível misto de espontaneidade e fúria que oferece ao espectador alguns dos melhores momentos. Esta é sem dúvida uma das proezas do cinema moderno, caracterizada por um sentido de humor raro nos filmes das últimas duas décadas. Recomendo vivamente!

Sonata de Outono

Um clássico de Ingmar Bergman, no qual demonstra o seu imenso talento na exploração da realidade. Aqui mergulha numa análise à relação disfuncional entre mãe e filha. Com um estilo único e inconfundível esta lenda do cinema escrutina os instintos básicos do ser humano e o seu relacionamento com outros seres da sua espécie. A penetração no cerne das questões abordadas nos seus filmes é tão profunda que Bergman consegue chocar mas ao mesmo tempo envolver emocionalmente a sua audiência. Outro motivo para a eficácia deste filme são as genuínas interpretações de duas brilhantes actrizes, Ingrid Bergman e Liv Ullmann. A naturalidade com a qual contracenam é notável e deixa saudades numa época em que cada vez menos actores conseguem pôr de parte as suas ambições e encarnar de forma tão autêntica as suas personagens. Stanley Kubrick disse uma vez que "Tudo o que pode ser escrito ou pensado, pode ser filmado". Em Höstsonaten (Sonata de Outono), Ingmar Bergman demonstra-o de forma soberba. Este filme permanece na História como um tributo a um dos melhores realizadores de todos os tempos, ao grande talento de Liv Ullmann e a Ingrid Bergman, uma das maiores estrelas de sempre do cinema mundial.

Sleuth - Autópsia de um Crime

Um thriller original e extremamente bem executado com enormes interpretações do lendário Laurence Olivier e de Michael Caine, além de alguns dos secundários, em especial o detective interpretado por Alec Cawthorne. É inevitável referir ainda a música de Cole Porter, o engenhoso argumento de Anthony Shaffer e a excelente passagem desta obra do teatro para o grande ecrã, mérito do veterano realizador Joseph L. Mankiewicz. Aconselho vivamente qualquer pessoa que queira ver o filme a não fazer antes nenhuma pesquisa relacionada com o mesmo...

"We no longer live in a world of nations and ideologies..."

Network é uma perfeita exploração da decadência das televisões e da sociedade ocidental. Talvez o primeiro filme nos E.U.A. a lidar com o conceito de "fim da democracia e desumanização nas sociedades" e provavelmente o melhor do seu género. Numa época actual em que a mediocridade reina nos meios de comunicação (e não só), este filme tem uma importância ainda maior e devia ser visto por todos, mas especialmente por aqueles que passam horas agarrados ao ecrã a ver programas de uma banalidade excruciante...
Após observar a sua incrível realização, esta tornou-se na minha película favorita de Sidney Lumet, à frente de 12 Angry Men e Dog Day Afternoon, com um dos melhores elencos que Hollywood ja viu, composto por marcantes interpretações de Peter Finch, William Holden, Faye Dunaway, Ned Beatty e o incrível camaleão Robert Duvall. No entanto, para mim o que mais se destaca é o delicioso argumento de Paddy Chayefsky, com alguns dos melhores diálogos que já vi e com cenas inesqueciveis como o confronto entre Max Schumacher e a sua mulher, mais memoráveis ainda o "adeus" de Max Schumacher a Diana Christensen e o épico monólogo de Arthur Jensen sobre o fim das Nações e a ascensão das Corporações. Um filme pouco convencional, mesmo ao estilo de Sidney Lumet, que recomendo especialmente a quem ainda vê a televisão como a sua principal forma de entertenimento...

You are cordially invited to George and Martha's for an evening of fun and games

"Quem tem medo de Virginia Woolf?" é um clássico indiscutível do cinema americano. Um filme que retrata um casal envelhecido que, com a ajuda do álcool, manipula um casal mais novo para infligir o máximo de dor emocional (e por vezes física) possível a todos os que os rodeiam e um ao outro. Nunca antes um casamento e as suas falhas foram tão bem dissecados. Da primeira à última cena somos confrontados com duas pessoas que, apesar de se amarem e dependerem uma da outra (às vezes sem disso se aperceberem), canalizam todos os seus ressentimentos e mágoas em palavras que provocam em ambos as mais profundas feridas. George e Martha levam-se à exaustão emocial mas nunca se conseguem afastar um do outro. Com a excelente realização de Mike Nichols (na sua estreia como realizador de cinema), as assombrosas interpretações e o genial argumento de Ernest Lehman, com todas as palavras carregadas de malícia, sarcasmo e amargura, o próprio espectador sente por vezes essa exaustão emocional, apesar de nunca ser capaz de tirar os olhos do ecrã. Esta é sem dúvida a melhor interpretação da carreira de Elizabeth Taylor, num dos melhores desempenhos na história do cinema. A sua transformação é notável e toda a complexidade da personagem é representada na perfeição, do sadismo à ternura, da condescendência opressiva à extenuante vulnerabilidade. Richard Burton é magnífico como o envelhecido professor com uma carreira falhada, cuja brandura inicial depressa progride para uma raiva de uma volatilidade impressionante. Também os dois "secundários", George Segal e Sandy Dennis, têm actuações notáveis. Um filme corajoso e ousado que venceu 5 Óscares da Academia e espantou a sua audiência que até aí estava habituada a protótipos de casamentos quase perfeitos em que os obstáculos são magicamente ultrapassados no pouco tempo que o filme retrata, quase sempre com a idílica ideia final "Viveram felizes para sempre".

True Grit Trailer



O novo filme dos irmãos Coen, com um elenco constituido por Jeff Bridges, Matt Damon, Josh Brolin e Hailee Steinfeld nos papeis principais. Estreia esperada em Portugal a 27 de Janeiro de 2011.

We are all connected

Uma obra original de Paul Thomas Anderson, "Magnólia" é um dos filmes mais poderosos dos últimos 20 anos que eu já vi serem criados pelo cinema americano (ou "Indústria" como eles infelizmente lhe gostam de chamar...). Uma épica história de várias personagens interligadas na busca de amor, perdão e sentido na vida, este filme deve ser visto, estudado e apreciado. Apesar da sua longa duração (mais de 3 horas) dificilmente se encontrará uma cena sem significado, que pudesse ser cortada sem esta obra perder algo. Uma das melhores explorações do melodramático que eu ja tive o privilégio de observar, este filme está também carregado de simbologia, a começar no título. Dois exemplos disso são os seguintes:
  • Há uma lenda que diz que a casca da Magnólia pode curar o cancro;
  • A palavra "magnólia" tem 8 letras, das quais duas são "a's", a segunda e a oitava letra, o que representa uma estranha coincidência com os números 8 e 2, presentes em muitas cenas do filme como referência ao Êxodo 8:2: "Deixa partir o meu povo para que me sirva. Se te recusares a deixá-lo partir, eis que eu vou flagelar todo o teu território com rãs".
Se virem o filme irão comprovar estes exemplos e poderão encontrar mais. Com um dos melhores elencos na história do cinema moderno, este é um dos melhores exemplos do que um cineasta americano pode criar se conseguir escapar ao capitalismo das grandes produtoras de Hollywood. Nomeado para três Óscares da Academia, Melhor Actor Secundário (Tom Cruise), Melhor Canção Original ("Save me" de Aimee Mann) e Melhor Argumento Original (Paul Thomas Anderson).
Recomendo vivamente!

MOTELx 2010

Para mim foi por completo uma nova experiência. Nunca tinha vindo a este festival na minha vida e nunca tinha visto no cinema um filme de zombies (Survival of the Dead) ou outros filmes alternativos, uns chocantes (Red White & Blue e uma curta da qual nunca mais me esquecerei...) outros hilariantes (Mutant Girls Squad).
Em relação a Survival of the Dead, talvez por não ter quaisquer expectativas gostei do filme, da forma satírica como seguiu o modelo western com todos os seus clichés e também como abordou as três personagens principais (Crocket, Muldoon e O'Flynn) a fazer lembrar o mítico The Good, The Bad and The Ugly. Apesar dos clichés há várias cenas e diálogos surpreendentes e bastante cómicos. Para mim dois dos melhores momentos foram um zombie a ser morto com a espuma de um extintor e uma personagem depois de levar um tiro dizer de forma muito convincente "Estou são como um pêro!"
Não vou falar muito de Red White & Blue. Apenas referir que é uma interessante análise ao ser humano e à forma como nos julgamos uns aos outros em sociedade. A maior parte do filme tem um ritmo lento mas com paciência e algum estômago para certas cenas, acho que vale a pena vê-lo.
Finalmente, o meu filme preferido do festival:

Mutant Girls Squad
Depois de tantas vezes me terem falado de filmes cómicos de "gore", a maior parte deles sem qualquer mensagem, conteúdo ou profundidade, tinha curiosidade em ver o que eu achava de tal tipo de filme. Decidi então ver este e o resultado foi um dos filmes mais hilariantes que já vi na minha vida. Não sei se foi do meu estado de espírito ou do cansaço mental que tinha tido nesse dia, este filme foi o melhor que eu podia ter escolhido. Sem qualquer pretensões de grande filme, este acabou provavelmente por ser aquele em que eu saí do cinema com a maior dor de barriga. Ri-me mais que os amigos com quem fui porque eles, ao contrário de mim, já tinham visto filmes do género. Foi surpreendente, aleatório, imprevisível, muitas vezes indescritível mas acima de tudo hilariante do primeiro ao último minuto. Nunca mais vou olhar da mesma forma, por exemplo, para uma baguete ou uma moto-serra...
Fico com a certeza de que, visto de vez em quando, este tipo de filmes pode ser aquilo que muita gente precisa: duas horas de riso espontâneo sem qualquer esforço mental. Pelo menos para mim este foi o primeiro mas de certeza que não foi o último...

Kramer vs. Kramer

Este aclamado drama de 1979, realizado por Robert Benton, conta a história de Ted, um homem que, quando confrontado com o fim do seu casamento, se vê forçado a ajustar a sua vida, agora a sós com o seu filho Billy de 8 anos. Um bom filme com excelentes interpretações dos lendários Dustin Hoffman e Meryl Streep. Vencedor de 5 Óscares da Academia: Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Actor, Melhor Actriz Secundária e Melhor Argumento Adaptado.