Biutiful: uma tragédia moderna nas ruas de Barcelona

Trágico. Profundo. Arrebatador. Real. Fui finalmente ver este filme e fiquei surpreendido. Não era o que esperava desde que tinha visto o trailer em Setembro (tenho de parar de ver trailers meses antes do filme estrear, só me faz mal...) mas o que vi foi uma obra-prima de Alejandro González Iñarritu. Biutiful conta a história de Uxbal (Bardem), um homem que tenta sobreviver e sustentar os seus filhos numa zona de Barcelona onde a pobreza e a fuga à Lei fazem parte do dia-a-dia. Ao pressentir a morte irá tentar lutar contra o seu destino, numa extraordinária busca pela redenção. Não quero estragar o filme portanto não vou entrar em grandes descrições. Afirmo apenas que é um dos melhores dramas que eu já vi na minha vida, recheado de simbologias e momentos de uma carga emocional impressionante. A cinematografia de Rodrigo Pietro é de uma beleza única, retratando Barcelona de forma realista e mostrando uma face da cidade que muito poucos conhecerão. A música, da responsabilidade de Gustavo Santaolalla, é perfeita, acompanhando a intensidade de cada cena. No entanto, o maior aplauso vai para a majestosa interpretação de Javier Bardem, com uma total entrega a um papel extremamente difícil. O herói improvável, carregado de raiva, levado ao desespero mas sem nunca desistir da garantia de uma vida melhor para os seus filhos. Só com base neste grande papel, mais os filmes No Country For Old Men e Mar Adentro, já posso facilmente considerar Bardem um dos melhores actores da actualidade. Parabéns a Iñarritu pela sua criação e realização, por transformar o que chamamos feio no séc. XXI em algo de uma beleza épica quase indiscritível.

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