Interiors

Uma homenagem de Woody Allen a Ingmar Bergman. Um olhar sombrio sobre as vidas de três irmãs após a separaração dos seus pais. Nem todo o estilo de Woody Allen se perde nesta fuga às suas habituais criações (o incontornável Jazz, por exemplo, manteve-se), mas o génio cómico que exibiu ao longo da sua carreira ficou sem dúvida fora deste filme. Em momentos como os close-ups ou os intensos confrontos emocionais entre as personagens quase acreditei que era o lendário realizador sueco o homem por trás da câmara. Ressentimento, ódio e desespero eclodem em cada cena com um realismo e intensidade por vezes perturbador. A qualidade do argumento, também da autoria de Woody Allen, confere uma maior credibilidade à situação dramática vivida por esta família. A ausência de som em muitos momentos parece transportar-nos para a própria cena, como se fôssemos um familiar distante, impotente para evitar o descontrolo observado. Relativamente aos actores, destaque obrigatório para Geraldine Page (uma das melhores actrizes americanas do séc. XX) no papel de uma mulher e mãe desequilibrada, que não é capaz de suportar a ideia de viver longe do seu marido de tantos anos. Um merecido tributo a Ingmar Bergman e um honroso trabalho de Woody Allen. Nem todos os fãs destes dois cineastas gostarão deste drama. Eu gostei mas não é de longe o meu filme preferido do realizador nova-iorquino.

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